Lá no campo, lá nas pequenas cidades, todo mundo tem mais tempo: para olhar a natureza, para pensar nos sentimentos, para olhar uns para os outros. Quando eu morava em Ibiúna, o vício da nossa pressa das cidades grandes, sempre ávida por resultados, chegava a fazer eu me irritar com a calma do pessoal. Aí, era preciso parar um pouco... e revisar tuuudo!
Esse é um texto cujo nome não sei. Todo escrito em dialeto caipira e que minha prima Isa de Mattos Taube - que é maravilhosa cantora - me deu a oportunidade de conhecer!
Cantá seja lá como for...
Se a dor for mais grande que o peito,
cantá bem mais forte que a dor.
Cantá com o mó da alegria
e também com o mó da tristeza.
É cantando que a natureza
insina os home a cantar.
Cantá sintindo saudade,
que deixa as marca de verga,
de arguém que os óio não vê
e o coração inda enxerga.
Cantá coiendo as coieita,
ou que nem bigorna no maio,
é o som da manhã no trabaio.
Cantá como quem dinuncia
a pior injustiça da vida:
a fome e as panela vazia
nos lar que não tem mais comida.
Cantá nossa vida e a roça,
na quar germina a semente:
as que dão fruto na terra,
as que dão fruto na gente.
Cantá as cabocla com jeito,
com viola e catiguria.
num tem cantá que alivia.
Cantá com mó de despertá,
o amor que bate e consola:
com te amo dentro da gente
e um coração de viola.
Cantá com muitos amigo,
que a vida canta mior:
é em bando que os passarinho
cantando disperta o sor.
Cantá, cantá sempre mais,
de tarde, de noite e de dia.
Cantá, cantá...
que a paz carece de mais cantoria.
Cantá seja lá como for...se a dor for mais grande que o peito,
cantá bem mais forte que a dor!
Para ouvir a gravação de Isa Taube - "Beira-mar" -, em que se recita este texto, visite os links a seguir: http://www.mpbnet.com.br/canto.brasileiro/isa.taube/letras/beira_mar.htm
http://www.mpbnet.com.br/canto.brasileiro/isa.taube/index.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário