sexta-feira, abril 14, 2006

O ENTUSIASMO

O amor é a mais autêntica expressão do idealismo. Pode ser o amor por alguém ou por alguma idéia, por uma atividade etc. Não importa. Se for amor, poderemos reconhecer o entusiasmo que professa aquele que ama. O amor fabrica os sonhos, as fantasias que imaginam um universo sem obstáculos para o amar ou que criam do nada, da impossibilidade, a possibilidade e os meios de superação desses mesmos obstáculos. Aquele que sonha, movido pela paixão, tem invencível saúde, sente-se autor da sua própria história e é capaz de impensáveis ousadias. No universo do amor não há fracos, nem tímidos, nem seres derrotados. Não é possível amar todo o tempo, porque o amor sofre constantes derrotas. Mas a cada pequena vitória aquele que ama renasce revigorado. Os apaixonados são sempre joviais e alegres, como quem acabasse de descobrir o mundo. Bom, tudo isso, é pra dizer que eu já tentei ser mais pé-no-chão, menos sonhadora, mais prática, menos apaixonada por tudo e por todos. Porque as derrotas da paixão fazem cair mais fundo quanto mais alta a fantasia de amor. Mas vi a vida definhar, minha energia escoar, o medo me dominar. Em pouco tempo envelheci muitos e muitos anos. Morte: esse deveria ser o nome do pensamento prático, da manutenção do status quo, do medo que paralisa, da ação pelas conveniências e pelas aparências. E aí, então, preferi ser Don Quixote, tentando livrar o mundo de um ou outro moinho de vento, tentando plantar aqui e ali alguma semente do bem, espalhando fantasias - sementes de transformação -, amando à exaustão, caindo e levantando, morrendo e nascendo a cada movimento da paixão.





Pensamento de Heráclito: "É difícil lutar contra o nosso coração, porque tudo o que ele quer, ele compra com a nossa alma."