sábado, novembro 24, 2007

Das regras inversas do amor: no 6


Palavras do mestre Osho:


Transmutação

A Meditação do Coração de Atisha

A dor é natural. Precisa ser entendida, aceita. É claro que, naturalmente, temos medo da dor e tentamos evitá-la. Por isso, muitas pessoas evitam o coração e se fixam na mente, vivem na mente.

O coração lhes traz dor, é verdade, mas apenas porque ele também pode trazer prazer - e é por isso que traz dor. A dor é a forma pela qual o prazer chega, e é através da agonia que o êxtase entra. Se a pessoa estiver atenta a isso, ela aceita a dor como uma bênção. Então a qualidade de sua dor começa a mudar, imediatamente. Você não mais se opõe a ela, e porque não se coloca mais em oposição, já não é mais dor: torna-se um amigo. É um fogo que irá purificá-lo. É uma transmutação, um processo, no qual o velho partirá e o novo chegará, no qual a mente desaparecerá e o coração funcionará em sua plenitude. Então a vida se torna uma bênção.

Tente o seguinte método de Atisha e preste atenção, pois esse é um dos grandes métodos para a meditação.
Quando inspirar, pense que está inspirando todas as misérias de todas as pessoas do mundo. Toda a escuridão, toda a negatividade, todo o inferno que existe em toda parte, você está colocando tudo isso para dentro. E deixe que seja absorvido em seu coração.

Você pode ter lido ou ouvido falar sobre pessoas que propagam o ‘pensamento positivo’ no Ocidente. Dizem justamente o oposto, mas não sabem o que estão dizendo. Eles dizem: “Quando você expirar, coloque para fora toda sua miséria e negatividade. Ao inspirar, inspire a felicidade, a positividade, a alegria.” O método de Atisha é o oposto: quando você inspirar, inspire toda a miséria e sofrimento do mundo – passados, presentes e futuros. E, quando inspirar deixe sair toda a alegria, todas as bênçãos que tiver.

Expire, derrame-se na existência. Esse é o método da compaixão: beba o sofrimento e derrame todas as bênçãos. Você ficará surpreso ao fazer isso. No momento em que aceitar os sofrimentos do mundo dentro de si, não serão mais sofrimentos. O coração transforma a energia imediatamente. O coração é uma força de transformação: beba miséria, ela será transformada em contentamento... depois devolva isso. Uma vez que você aprendeu que seu coração pode fazer essa mágica, esse milagre, você será capaz de fazê-lo sempre.

Tente. É um dos métodos mais práticos: é simples e traz resultados imediatos. Faça isso hoje e veja. Essa é uma das abordagens de Buda e de todos seus discípulos. Atisha é um de seus discípulos e segue a mesma tradição, a mesma linha.

Tente este belo método de compaixão: absorva toda a miséria e coloque para fora toda a alegria.

(Osho, Tarot da transformação)

OBS: Atisha (982 d.C. 1.054 d.C.) foi um eminente mestre budista e reintrodutor do budismo no Tibet, no século XI.

sábado, novembro 10, 2007

Um poema



Uma linda voz e exímios violonista e pianista reunidos em grande sensibilidade para interpretar o poema "Testamento", de Manuel Bandeira.


Acesse para ouvir a gravação de Olívia Hime:
http://cristinemattos.googlepages.com/Bandeira-Hime

Tudo isso misturado à minha vida e à voz do meu coração, faz com que quase sempre deixe escapar uma lagriminha ao ouvir essa gravação (não consigo evitar...)


Abaixo o poema:


Testamento

Manuel Bandeira

O que não tenho e desejo
É que melhor me enriquece.
Tive uns dinheiros — perdi-os...
Tive amores — esqueci-os.
Mas no maior desespero
Rezei: ganhei essa prece.

Vi terras da minha terra.
Por outras terras andei.
Mas o que ficou marcado
No meu olhar fatigado,
Foram terras que inventei.

Gosto muito de crianças:
Não tive um filho de meu.
Um filho!... Não foi de jeito...
Mas trago dentro do peito
Meu filho que não nasceu.

Criou-me, desde eu menino
Para arquiteto meu pai.
Foi-se-me um dia a saúde...
Fiz-me arquiteto? Não pude!
Sou poeta menor, perdoai!

Não faço versos de guerra.
Não faço porque não sei.
Mas num torpedo-suicida
Darei de bom grado a vida
Na luta em que não lutei!

(29 de janeiro de 1943)







segunda-feira, novembro 05, 2007



Mergulho

no vácuo

e pairo no nada.

Sem faca

e sem cão

eu desbravo

a mais densa mata.

Sem navio

atravesso

todo o mar.

E onde chego?

Ao fundo de tudo

princípio da poesia

início do sonho

quando ainda

em nada me fiz.


Quando a suspensão domina...

Aí onde só o Amor

é sempre e sempre e sempre

seguir

é com e com e com

seguir