sábado, janeiro 14, 2006

QUERER É PODER


Aplauso
Em minha experiência docente pude constatar algo que me serviu para observar e entender melhor as pessoas à minha volta: há alunos que se têm em alta conta (pensam saber muito) e quase sempre se decepcionam com o resultado de suas avaliações; há outros alunos que expressam insegurança quanto a si mesmos (acham que não sabem nada) e se exigem notas mais altas do que as que tiram ou se surpreendem quando as alcançam. São poucos os alunos que têm uma boa noção do seu real conhecimento.
Assim, também na vida, tenho visto pessoas que em tudo “se acham” e apresentam, no entanto, uma performance normal, mediocre ou ruim, que muitas vezes causa-lhes decepção ou revolta. Acham-se injustiçados, rejeitados e até perseguidos. Por outro lado, há pessoas, por vezes maravilhosas, que nutrem certo desprezo por si memas e que por isso sequer se expõem a qualquer performance que não seja imposta (como no caso de provas). Ficam adiando a vida ou se escondendo dela.
Vivemos num mundo de espelhos. E isso é quase cruel. Se aqueles que nos rodeiam nos devolvem uma imagem vitoriosa de nós mesmos, se recebemos deles estímulo, aceitação, então, acreditamos que podemos. Há os que, muito mimados, acham que podem para além dos limites da realidade e exigem, como crianças, tudo para si, sem merecimento ou esforço. Se à nossa volta, ao contrário, contamos com pessoas que reprovam o que fazemos ou desejamos fazer, se em tudo nos diminuem ou desrespeitam, então, terminamos por desenhar de nós mesmos uma figura apagada, sem brilho, sem força, que nunca estará à altura das expectativas internas e alheias.
E daí a conclusão: para ter mais auto-estima, para ter uma noção mais precisa do valor que realmente temos, para acreditar em nós mesmos e no nosso potencial de crescimento, todo o segredo está em viver cercado das pessoas certas, ou ao menos, no caso de se ter pessoas das quais não seja possível se livrar, o segredo está em revidar, fazer-se valer, fazer-se respeitar. Nunca pude acreditar em capacidades diferentes, em gente mais capaz ou menos capaz, em gente mais inteligente ou menos inteligente. Tudo o que vejo é gente mais confiante ou menos confiante, mais amada ou menos amada. Há, claro, os talentos pessoais, as inclinações, os dons que vêm sem muito esforço. Mas acredito, de todo o meu coração, que todo aquele que se empenha pode, que todo aquele que diz “eu posso o que eu quero”, esse tem o universo na palma da mão!
Califórnia (do fotógrafo Elliott Erwitt, 1953)

4 comentários:

Stela disse...

Pois é, Cristine.

Eu fui uma aluna ora medíocre, ora disciplina e, às vezes, ordinária.
Poderia ter me dedicado mais no final da faculdade. Mas fui pro tomar cerveja lendo poeminhas do Rimbaud e Baudelaire.

Agora quero o mestrado. Pra ficar do mesmo lado que vc, nas salas de aula. Acho que estudar tem muito a ver com maturidade, né? E agora sintom-me preparada para tal edicação.

Quanto ao Quintana, existe o blog marioquintana.blogspot.com. Vc conhece?

beijo!

Cristine Fickelscherer de Mattos disse...

Oi Stela,

eu sempre adorei ser professora, desde os tempos de menina, nas minhas brincadeiras. É muito fascinante ver como o conhecimento transforma as pessoas, como elas mudam aos descortinar outros mundos. Além do mais, e pensado bem, principalmente, tem todo o carinho que o professor recebe.
Dou a maior força. Se precisar de qualquer coisa, pode contar comigo. Em 2004 eu terminei o meu doutorado e ando meio de ressaca de estudar, mas logo logo sei que vou arrumar alguma coisa... Tudo tem o momento certo pra acontecer e nem adianta querer forçar a barra no momento errado.

Vou acessar o site do Quintana.

Grande beijo,]
Cris

Anônimo disse...

Oi Cris,

muito bonito o que voce escreveu. Concordo tambem com o que disse a Stela que estudar (ou ter vontade de estudar - de buscar conhecimento) tem tudo a haver com maturidade...

Como diria Shakespeare: "She is not yet so old, but she may learn" - The Merchant of Venice

Cristine Fickelscherer de Mattos disse...

Oi Gian,
poxa, legal que vc passou por aqui e deixou o seu depoimento. Sobre estudar, digo que há momentos e momentos, e tb há muitas outras coisas para se aprender que além dos estudos, que, muitas vezes, são mais importantes. O aprendizado da Stella no bar certamente foi uma verdadeira escola!
bjs,
Cris