domingo, maio 21, 2006

tempo transformador

Hoje, porque as emoções apagaram a voz dos versos próprios, peço ajuda aos versos de outro para dizer o que sinto. Que sorte ter ao alcance da mão os escritos pelo poeta Mario Quintana!

COMECEI O DIA COMO NA
Canção dos romances perdidos
"Oh! o silêncio das salas de espera
Onde esses pobres guarda-chuvas lentamente escorrem...

O silêncio das salas de espera
E aquela última estrela...

Aquela última estrela
Que bale, bale, bale,
Perdida na enchente da luz...

Aquela última estrela
E, na parede, esses quadrados lívidos,
De onde fugiram os retratos...

De onde fugiram todos os retratos...

E esta minha ternura,
Meu Deus,
Oh! toda esta minha ternura inútil, desaproveitada!..."

SENTINDO TODO O TRISTE PESO DE
O pior
"O pior dos problemas da gente é que ninguém tem nada com isso."

MAS COMO O PESO PRENDE NO CHÃO E EU GOSTO MESMO É DE SER LEVE, PENSEI NO
Poeminha do contra
"Todos os que aí estão
Atravancando o meu caminho,
Eles passarão...
Eu passarinho!"


JOGUEI FORA A TRISTEZA PRA VOAR NAS ASAS DE
Das utopias
"Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las...
Que tristes os caminhos, se não fora
A mágica presença das estrelas!"

E TERMINEI O DIA TÃO LIVRE COMO NA
Canção do dia de sempre
"Tão bom viver dia a dia...
A vida, assim, jamais cansa...

Viver tão-só de momentos
Como essas nuvens do céu...

É só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca des um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,
Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas..."

5 comentários:

Anônimo disse...

Oi Cris!!!
Quanta sensibilidade sua ao selecionar os poemas de Quitana!!Ele escreve com a alma nós o lemos com a vida!!!
Um abraço amiga maisquelinda!!!

Amanda

Anônimo disse...

Cris,

as imagens e as palavras escolhidas! essa rosa-ferida me fez lembrar do poema de G. Apollinaire que eu quis te mostrar aquele dia na Livraria da Esquina, assim sendo (do site http://www.recmusic.org/lieder/get_text.html?TextId=1884):

Le Suicidé

Trois grands lys Trois grands lys sur ma tombe sans croix
Trois grands lys poudrés d'or que le vent effarouche
Arrosés seulement quand un ciel noir les douche
Majestueux et beaux comme sceptres des rois
L'un sort de ma plaie et quand un rayon le touche
Il se dresse sanglant c'est le lys des effrois
Trois grands lys Trois grands lys sur ma tombe sans croix
Trois grands lys poudrés d'or que le vent effarouche
L'autre sort de mon coeur qui souffre sur la couche
Où le rongent les vers L'autre sort de ma bouche
Sur ma tombe écartée ils se dressent tous trois
Tout seuls tout seuls et maudits comme moi je croi
Trois grands lys Trois grands lys sur ma tombe sans croix

Cristine Fickelscherer de Mattos disse...

Oi Li,

de fato muito impressionantes. E tb muito depressivos. A intensidade é mesmo assim: desemboca num tudo ou nada, num caso de vida ou morte, de matar ou morrer. Mas acho que há outras maneiras, outros caminhos. Como diz um provérbio oriental: o melhor caminho não é nem o direito nem o esquerdo, mas o do meio.
Seja lá como for, o importante mesmo é o caminhar, amar, sentir, entregar-se às convicções, enfim, VIVER!
beijo

Stela disse...

Oi, Cris. Que bom receber sua visita novamente. Obrigada. Mas a vida é assim mesmo. às vezes leve, às vezes pesada demais pra carregá-la sem escrever, não é?
Que bom ter o Quintana ao nosso lado quando a coisa aperta.
Beijos!

Anônimo disse...

a intesidade do vazio