sexta-feira, dezembro 09, 2005


Lá no campo, lá nas pequenas cidades, todo mundo tem mais tempo: para olhar a natureza, para pensar nos sentimentos, para olhar uns para os outros. Quando eu morava em Ibiúna, o vício da nossa pressa das cidades grandes, sempre ávida por resultados, chegava a fazer eu me irritar com a calma do pessoal. Aí, era preciso parar um pouco... e revisar tuuudo!

Esse é um texto cujo nome não sei. Todo escrito em dialeto caipira e que minha prima Isa de Mattos Taube - que é maravilhosa cantora - me deu a oportunidade de conhecer!

Cantá seja lá como for...

Se a dor for mais grande que o peito,

cantá bem mais forte que a dor.

Cantá com o mó da alegria

e também com o mó da tristeza.

É cantando que a natureza

insina os home a cantar.

Cantá sintindo saudade,

que deixa as marca de verga,

de arguém que os óio não vê

e o coração inda enxerga.

Cantá coiendo as coieita,

ou que nem bigorna no maio,

que o canto bom de escuitá,

é o som da manhã no trabaio.

Cantá como quem dinuncia

a pior injustiça da vida:

a fome e as panela vazia

nos lar que não tem mais comida.

Cantá nossa vida e a roça,

na quar germina a semente:

as que dão fruto na terra,

as que dão fruto na gente.

Cantá as cabocla com jeito,

com viola e catiguria.

E se elas cantá no seu peito,

num tem cantá que alivia.

Cantá com mó de despertá,

o amor que bate e consola:

com te amo dentro da gente

e um coração de viola.

Cantá com muitos amigo,

que a vida canta mior:

é em bando que os passarinho

cantando disperta o sor.

Cantá, cantá sempre mais,

de tarde, de noite e de dia.

Cantá, cantá...

que a paz carece de mais cantoria.

Cantá seja lá como for...

se a dor for mais grande que o peito,

cantá bem mais forte que a dor!

Para ouvir a gravação de Isa Taube - "Beira-mar" -, em que se recita este texto, visite os links a seguir: http://www.mpbnet.com.br/canto.brasileiro/isa.taube/letras/beira_mar.htm

http://www.mpbnet.com.br/canto.brasileiro/isa.taube/index.html

Nenhum comentário: